Até quando o sentimento destrutivo da derrota pode atrapalhar o(a) atleta?
Tanto na vida, como nos esportes a derrota é inevitável na trajetória de todos nós.
Ela é consequência das nossas decisões, numa fração de segundo fazemos uma escolha que pode nos trazer a derrota.
Vivemos num sistema social onde somos pressionados constantemente à vitória. Somos bombardeados por uma psicologia positiva avassaladora. No esporte dizem que perdemos o primeiro lugar, ao dizerem que conquistamos o vice-campeonato.
Isso é um crime!
Pouco nos mostram como aproveitar os ensinamentos existentes numa derrota para nos fortalecer e crescer. As vezes aprendemos a duras penas, sofrendo por muito tempo.
Nesse contexto é importante entender que em algum momento a derrota chega e bate em nossas portas para entrar, e as vezes ela entra sem bater, sem pedir autorização e devasta toda a nossa estrutura psíquica.
Se preparar para a vitória é se preparar para cair, é se preparar para perder, mesmo os grandes campeões um dia cairão, um dia perderão. E se é inevitável, como já descrito, devemos aprender como suportar esse momento.
O que nos coloca na autodestruição é ficar fixado num sentimento de culpa após uma derrota.
Segundo o olhar da Psicanálise no século XXI, para que isso não aconteça temos que assumir as responsabilidades sobre nossas escolhas.
Entendamos.
Em sã consciência ninguém escolhe perder, logo ninguém é culpado por uma derrota, mas devido a nossa escolha somos responsáveis por ela.
A culpa nos leva para um lugar destrutivo, para um lugar negativo e nos dificulta seguir à diante.
Já a responsabilidade nos impulsiona para frente, ajuda a reconhecer nossos erros, nos projeta para a correção e para o crescimento.
Assim, entendo e compartilho que o sentimento destrutivo da derrota existirá enquanto o sentimento de culpa estiver em nós.
Não podemos definir um tempo cronológico que determine o quão o sentimento de derrota pode atrapalhar o(a) atleta.
Mas podemos, o mais rápido possível, assumir as consequências das nossas escolhas, aceitando que é normal na vida de qualquer ser humano perder e que na derrota podemos extrair experiências para não cometer os mesmos erros.
Essa postura será transformadora no esporte ou em qualquer ambiente da vida.
Temos um espaço infinito para melhorar a cada dia, portanto na derrota encontraremos apenas mais um ambiente onde poderemos extrair bons ensinamentos.
Anderson do Prado-Pinduca
Psicanalista e Personal Trainer
@pinducaprado