A Competição do Século XXI – Psicanálise e Esporte
Se eu “matar” meu adversário não existirá mais competição!
Todo atleta mais veterano já deve ter ouvido do seu técnico uma frase clássica: -“vamos matar o adversário hoje”
E frente a isso, caro leitor(a), faço-lhe uma pergunta:
– Quem é o elemento mais importante na competição?
Eu já obtive algumas respostas como: – o mais importante é a preparação, a resiliência, a concentração, a dedicação, a bola, o campo, o tênis, a bike, o clima, a torcida etc, enfim…, já ouvi muitas opções que seriam (ao meu ver) secundárias.
Mas para continuar a provocação, logo após essas tantas respostas, faço um novo questionamento:
– Você acredita que existe qualquer competição sem a presença do adversário?
Neste momento eu percebo as fisionomias mudando de estado e delicadamente eu respondo que NÃO EXISTE!
Sequencialmente explico que precisamos aprender a viver essa nova Competição do Século XXI, respeitando nosso momento e nossas necessidades sociais, culturais e humanas.
Assim apresento três princípios fundamentais de convivência competitiva/humana para aproveitarmos esse instrumento educacional e formador chamado Competição.
Primeiro: RECONHECER O OUTRO.
Reconhecer que o meu adversário é um ser humano como eu e não é meu inimigo. Ele possui sentimentos e desejos semelhantes aos meus, talvez até mais legítimos que os meus para conquistar a vitória num determinado contexto.
Segundo: RESPEITAR O OUTRO.
Respeitar é aceitar que existem dias que seremos derrotados por nossos adversários e dias que seremos vitoriosos sobre eles. Isso faz identificarmos que essas experiências nos proporcionarão a evolução esportiva e humana. Assim, respeitar e cuidar para que meu adversário se sinta importante vai nos proporcionar experimentar mais, exercitar mais e aprender mais.
Terceiro: COMPARTILHAR COM O OUTRO
Compartilhar com o meu adversário meus sentimentos de alegria, de tristeza, de compaixão, de solidariedade, de raiva, de satisfação, de gratidão, seja qual for a sensação que aflorar da alma e do coração, pois no compartilhamento eu me entrego na mais pura plenitude humana, sem medos de demonstrar as minhas fragilidades ou as minhas forças. Isso provoca intimidade, isso libera um espaço para a confiança existir numa relação humana e consequentemente, isso faz nascer o amor.
Concluindo, eu creio na legitimidade da competição, pois em algum momento essa competição é findada, seja pela linha de chegada, pelo ponto realizado ou pelo apito do árbitro, e aquele que acabou de ser seu adversário tornar-se-á meu amigo, meu parceiro, quem sabe meu irmão, daqueles irmãos não biológicos que reconhecemos como um presente divino em nossas vidas.
Por isso acredito que assim será uma forma possível, educacional e humana para vivermos uma nova maneira de competir, seja nas escolas, nos clubes ou nas livres competições recreativas dos finais de semana.
…Aproveitando deixo aqui um forte abraço para meus antigos adversários, que hoje são meus grandes amigos e irmãos de caminhada…
Anderson do Prado-Pinduca
Personal Trainer Psicanalista
@pinducaprado